quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Quem sente dor deve investigar as causas e não apenas tratar sintomas


Neurocirurgião Cláudio Corrêa e a pediatra Ana Escobar foram convidados.
Programa também falou sobre fibromialgia e neuralgia do trigêmeo.

Do G1, em São Paulo

A dor é um importante sinal de alerta de que algo no organismo não está bem e pode comprometer a integridade física ou funcional da pessoa. Apesar de incômoda, ela é necessária para nos proteger contra agentes agressivos.
Para detalhar como a dor atua no corpo, quais as regiões mais sensíveis e as diferenças entre um problema agudo e crônico, o Bem Estar desta quinta-feira (27) contou com a presença do neurocirurgião Cláudio Corrêa e da pediatra Ana Escobar. Eles destacaram a importância de investigar as causas, e não só tratar os sintomas.

Cada indivíduo nasce com mais ou menos sensibilidade. Por isso, o jeito de sentir dor e a tolerância a ela são genéticos. E é difícil quantificar essa percepção, que também inclui características culturais, ambientais, sociais, etárias e de sexo.
Quando sentimos dor, as fibras musculares do local vibram e se expandem, o que nos leva a pôr a mão para segurar essa reverberação e "conter" as fibras, aliviando assim o desconforto.
Transtornos emocionais como ansiedade e depressão podem ampliar a dor. Cerca de 20% de todos os que procuram tratamento médico não têm nenhuma doença. A dor, nesse caso, é psicossomática, ligada a distúrbios psicológicos, à tensão ou ao excesso de trabalho.
Também há o lado inverso, em que 90% dos portadores de dores crônicas acabam desenvolvendo algum problema psíquico.
Quando crônica, a dor exige cuidados constantes e, em geral, deriva de vários fatores. É motivo de mais de 80% das consultas médicas no mundo e uma das principais causas de falta ao trabalho no Brasil.
Já quem não sente dor nenhuma sofre de um problema chamado analgesia congênita da dor, em que o paciente apresenta um defeito na interpretação desse fenômeno.
É importante buscar ajuda médica se a dor constante durar mais de três meses e/ou atrapalhar sua qualidade de vida. Muitas pessoas não acreditam que esse sintoma é real e não procuram orientação nem tratamento. Além disso, meditação, terapia e controle do estresse são bons aliados.
Com a evolução dos tratamentos para dor ao redor do mundo, alguns hospitais já usam uma escala para identificar o nível de sofrimento do individuo, antes e depois de aplicar a terapia, e assim checar uma possível evolução.
Por meio de uma fita ou faixa de papel com vários tons de uma mesma cor, partindo de uma sequência da mais clara para uma mais escura, o paciente aponta qual a cor que representa o seu nível de dor. Essa mesma escala pode ser utilizada com números, que vão de zero a dez, ou por meio da ilustração de carinhas (do sorriso à careta), uma alternativa muito aplicada entre as crianças.
A terapia da dor chegou ao Brasil há mais de 25 anos. O conceito de ser parceira inseparável da doença deixou de ser aceito e hoje há controle para os mais diversos tipos de dor, desde a enxaqueca (que atinge 20% da população mundial) até os tipos crônicos, que podem ser originários de doenças mais sérias, como câncer.
Fibromialgia
É uma síndrome, sem explicação definitiva, em que a pessoa sente uma dor generalizada. As teorias mais atuais dizem que a doença é uma espécie de falha no sistema que inibe a dor, no caminho de volta.

De 2% a 5% das mulheres de todo o mundo sofrem de fibromialgia, um problema que tinge dez mulheres para cada homem.
Neuralgia do trigêmeo
É uma dor crônica e está entre as mais graves e insuportáveis. Entre 3 e 5 a cada 100 mil pessoas sofrem por ano com o problema, que afeta mais os indivíduos acima dos 60 anos.

A dor nesse nervo surge repentinamente e dura alguns segundos, mas tem o poder de desestabilizar a pessoa, por conta da intensidade. É frequentemente desencadeada por estímulos sensoriais específicos, como mastigação, escovação ou um simples toque na pele.
O ser humano tem 12 pares de nervos cranianos (responsáveis por transmitir sinais da visão e do olfato, por exemplo). Um desses pares é o trigêmeo, que “comanda” as pálpebras, a lateral do nariz, a região perto da bochecha, o maxilar e a mandíbula. A dor pode ocorrer em qualquer um desses locais ou em mais de um ao mesmo tempo.
A causa da neuralgia do trigêmeo ainda é controversa. Uma das maiores possibilidades é um contato muito próximo entre um vaso arterial e o lugar onde o nervo nasce, que desgastaria a membrana do nervo e causaria a dor. Apenas 5% de todos os casos são provocados por tumores ou malformações.
Existe operação para aliviar essa dor. Em 70% dos casos, a cirurgia ajuda muito.

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