terça-feira, 3 de abril de 2012

As Armadilhas do Mundo


Pedro Liasch Filho

Ignorando os perigos que se escondiam por trás dos atrativos dos campos férteis que se lhe descortinavam no horizonte, até o rio Jordão, levantou Ló os olhos, diz a Palavra, e viu toda a campina do Jordão. Logo percebeu que era toda bem regada, considerada como o jardim do Senhor, como a terra do Egito, como quem vai para Zoar.

Então Ló escolheu para si toda a campina do Jordão, e partiu para o Oriente; separaram-se um do outro. Habitou Abraão na terra de Canaã; e Ló, nas cidades da campina, e ia armando as suas tendas até Sodoma. Ora, os homens de Sodoma eram maus e grandes pecadores contra o Senhor” (Gn 13.10-13).

A ganância de Ló em viver nos campos verdes do Jordão o expôs à cruel impiedade de Sodoma, tendo que passar por uma grande e terrível tribulação, até que, pela intercessão de Abraão, o Senhor o livrasse do fogo destruidor, que impiedosamente acometera Sodoma e Gomorra.

Há cerca de quarenta anos, quando não havia pré-anestesia, fui ao dentista para extrair um dente. Como foi terrível sentir aquela agulha rombuda rasgar a minha gengiva. Hoje, com a pré-anestesia, quase não se percebe a injeção, pois tendo já a superfície da gengiva anestesiada, a agulha vai lhe injetando o líquido na medida em que vai penetrando, sem que isso seja percebido.

Assim também faz o diabo. Objetivando tornar as pessoas insensíveis ao pecado a fim de atraí-las para o sistema do mundo controlado por ele, começa oferecendo atrações mundanas aparentemente inocentes, como armadilha, para depois, ir aumentando proporcionalmente, até prendê-las profundamente no mundanismo.

Embora simples como a pomba, mas prudente como a serpente (Mt 10.16), ainda fugindo das influências más, o crente músico evitará as atrações do mundo para não cair em suas armadilhas, assim não engrossando as fileiras dos que para lá já foram.
“Como fonte turva, e manancial poluído, assim é o justo que cede lugar ao perverso” (Pv 25.26).

“Vendo a mulher que aquela árvore era boa para se comer, e agradável aos olhos, e árvore desejável para dar entendimento, tomou do seu fruto, comeu, e deu a seu marido, e ele também comeu” (Gn 3.6).

“Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas rotas, que não retêm as águas” (Jr 2.13).
“Mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera” (Mt 13.22).

A decadência espiritual do cristão na verdade se faz notar quando ele começa a amar mais ao mundo do que a Deus. Além do que não se pode amar a dois senhores ao mesmo tempo. Por isso a Palavra de Deus adverte: “Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15).

Claro que não se proíbe aqui o amar o mundo físico com suas belezas naturais, mas o amar o sistema do mundo organizado e dirigido por Satanás, caracterizado pela oposição ou rejeição a Deus. Outrossim, “sabemos que somos de Deus, e que o mundo inteiro jaz no Maligno” (1Jo 5.19).

Deus ama o mundo dos homens. Veja que Ele o amou “de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3.16). O crente músico, porém, não deve amar o mundo, ou seja, aquilo que no mundo se organiza contra Deus, por exemplo, a música mundana. “Não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus“ (Tg 4.4).

Observe-se que os prazeres do mundo são como as ervas daninhas que não precisam ser plantadas. O mato do pecado semelhantemente nasce e cresce de modo natural e, tomando conta da vida do crente, acaba asfixiando-lhe dissimuladamente a espiritualidade.

Assim como o jardineiro precisa estar atento quanto ao mato ruim, devendo arrancá-lo de pronto tão logo surja, para que não se alastre e cresça vindo a sufocar a planta, o crente, igualmente tem que fazer isso mesmo com as coisas do mundo, ou seja, deve de pronto arrancá-las do coração, pela raiz. Não adianta apenas cortá-las, pois logo brotariam de novo. Na verdade, o mal se corta pela raiz.

Para se arrancar o mal pela raiz é preciso ter consciência do pecado, e ainda a recusa ou o arrependimento do pecado, ou seja, conversão, ou mudança de direção. Considerando-se que conversão significa a concepção de um novo ser espiritual, e como não há meia concepção, ou seja, não existe mulher meio grávida, também não existe crente meio convertido. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados, a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério” (At 3.19, 20).

Além do mais, não só a erva ruim deve ser arrancada pela raiz, como o faz o jardineiro, mas ainda deve ser substituída, semeando-se em seu lugar uma boa semente. Assim também o crente depois de renunciar as coisas do mundo, andando na santificação, deve semear em seu coração a semente da Palavra, pois “... o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8).

Assim, o crente músico, separado do mundo do qual se tornou inimigo, não deveria, abafando a voz da sua consciência, se conformar com o mundanismo, nem com a música mundana, sob o risco de vir a ser considerado novamente amigo do mundo.
“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).

“E o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno” (Jo 17.14-16).
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia” (Jo 15.18, 19).

“Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Ora, o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus, permanece para sempre” (1Jo 2.15-17).
“Infiéis, não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4.4).

“Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos... mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado” (1Jo 1.5-7).

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